É fato que tanto a alimentação adequada quanto a atividade física contribuem na manutenção da saúde e na prevenção e gestão de doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, reduzem os sintomas de depressão e ansiedade, melhoram a saúde do cérebro e podem melhorar o bem-estar geral. Unir as duas potencializa seus efeitos individuais. Por outro lado, torna-se mais difícil ter um efeito otimizado do exercício sem adequar a dieta.

Em sua publicação de janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a alimentação deva satisfazer as necessidades de energia, proteínas, vitaminas e minerais através de uma dieta variada, maioritariamente baseada em vegetais, e equilibrando a ingestão de energia com o gasto. Esse equilíbrio é fundamental na prevenção tanto da magreza ou desnutrição, quanto do sobrepeso e da obesidade. Em relação aos macronutrientes, a OMS recomenda ainda que se obtenha  a maior quantidade de energia a partir dos hidratos de carbono, principalmente através de leguminosas e cereais integrais; que se reduza o total de gorduras para menos de 30% da ingestão total de energia, mudando a ingestão de gordura de gordura saturada e trans para gorduras insaturadas e eliminando gorduras trans industriais da dieta; e que se reduzam os açúcares livres para menos de 10% (idealmente 5%) da ingestão total de energia. No que toca aos micronutrientes, de maneira global, a OMS sugere limitar a ingestão de sódio a menos de 2 gramas por dia (equivalente a 5 gramas de sal) e consumir pelo menos 400 gramas de vegetais e frutas por dia em adultos e crianças acima de 10 anos e 250–350 gramas por dia em crianças mais novas.

É também uma preocupação da OMS reduzir os níveis de inatividade física em adultos e adolescentes, já que, em publicação de junho de 2024, eles trouxeram a informação que 31% dos adultos e 80% dos adolescentes não atingem os níveis recomendados de atividade física. Assim, a meta global definida para reduzir os níveis de inatividade física em adultos e adolescentes é uma redução relativa de 10% até 2025 e 15% até 2030, a partir da linha de base de 2010. Outro fator relevante, é que a estimativa global do custo da inatividade física para os sistemas de saúde públicos entre 2020 e 2030 é de cerca de 300 mil milhões de dólares (aproximadamente 27 mil milhões de dólares por ano) se os níveis de inatividade física não forem reduzidos.

Desde 2004, a OMS já tornava pública sua estratégia global sobre dieta, atividade física e saúde, que consistia em:

  • Reduzir os fatores de risco para doenças crônicas decorrentes de dietas pouco saudáveis ​​e sedentarismo por meio de ações de saúde pública.
  • Aumentar a consciência e a compreensão das influências da dieta e da atividade física na saúde e do impacto positivo das intervenções preventivas.
  • Desenvolver, fortalecer e implementar políticas e planos de ação globais, regionais e nacionais para melhorar as dietas e aumentar a atividade física que sejam sustentáveis, abrangentes e envolvam ativamente todos os setores.
  • Monitorar a ciência e promover pesquisas sobre dieta e atividade física.

Esta estratégia encontrou eco em diversos países e, no Brasil, o Ministério da Saúde desenvolveu seus materiais voltados à alimentação, o Guia Alimentar para a População Brasileira, material muito rico e contextualizado, voltado à melhores escolhas alimentares no nosso país e o Guia de Atividade Física para População Brasileira, igualmente útil para quem procura informações básicas sobre atividade física e empenhar-se no combate à inatividade física.

Quando pensamos em sobrepeso, obesidade e atividade física, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) resolveu lançar também seu Guia Prático Exercício Físico e Obesidade, reconhecendo o papel fundamental do exercício físico no processo de emagrecimento.

Extrapolando a abordagem da saúde pública e entrando no campo da saúde privada e da estética, é fundamental recomendarmos aliar a dieta adequada ao programa de exercícios físicos. Um consumo adequado de proteínas, por exemplo, pode proporcionar uma melhor reconstrução dos tecidos musculares após as micro-lesões provocadas pelo exercício físico com foco na hipertrofia muscular. Mas nem só as proteínas, principal macronutriente construtor precisa estar adequado. Carboidratos e lipídeos também precisam estarem quantidades adequadas para fornecer energia e outro componentes estruturais essenciais ao processo de remodelagem muscular. De maneira análoga, sem os micronutrientes, vitaminas e minerais, em quantidades adequadas o processo também sofre em eficiência.

Nos últimos anos, a substituição de alimentos mais integrais por alimentos cada vez mais refinados aliada às descobertas científicas de nutrientes isolados capazes de potencializar o desempenho, a estrutura muscular e a força de atletas impulsionou o desenvolvimento de suplementos que precisam ser indicados com muito cuidado e direcionados a situações especificas. Quando necessário, uma vez que a necessidade de um desses nutrientes ultrapassa a capacidade de síntese a partir dos alimentos consumidos, o consumo de suplementos poderá ser indicado.

Por: Prof. Mestre Glaucivan Gurgel (Instrutor de Pilates | Funcional e Nutricionista do BMS)

 

Fontes:

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Healthy Diet. 29 de janeiro de 2024. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/healthy-diet#tab=tab_2 . Consultado em 18 de novembro de 2024.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical Activity. 25 de julho de 2024. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/physical-activity#tab=tab_1

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health. 26 de maio de 2004. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9241592222 . Consultado em 18 de novembro de 2024.

 

Link úteis:

https://guiaalimentar.org.br/

https://abeso.org.br/baixe-o-nosso-guia-pratico-exercicio-fisico-e-obesidade/

https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/ecv/publicacoes/guia-de-atividade-fisica-para-populacao-brasileira/view